A destruição sistemática das florestas é o que coloca o Brasil entre os maiores emissores de gases do efeito estufa na atmosfera. No ranking atual, o País figura em sexto lugar. Se não houvesse desmatamento, despencaria pelo menos quatro posições.
De acordo com a nova coleção de dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, lançado no último dia 23, as mudanças do uso da terra responderam por 48% das emissões globais do Brasil em 2022, sendo que a grande maioria vem, especificamente, do desmatamento da Amazônia.
O perfil de emissões é muito diferente do da China, por exemplo, que lidera o ranking já há alguns anos. As principais fontes de emissão de CO², o principal gás do efeito estufa, no país asiático são a queima de carvão para a produção de energia elétrica e a indústria. Alguns setores industriais, como a produção de aço e cimento, também representam uma fatia considerável das emissões, sem falar da crescente demanda por transporte.
Nos Estados Unidos, que ocupam o segundo lugar na lista dos países que mais lançam CO² na atmosfera, a lógica se inverte. A maior fonte das emissões americanas é a queima de combustível fóssil para o transporte e a geração de energia. A Índia, que já ocupa o terceiro lugar no ranking dos países que mais contribuem para as mudanças no clima, apresenta um perfil similar ao da China: a queima de carvão é uma importante fonte das emissões, sobretudo para a geração de energia, seguido da expansão do transporte.
A Rússia, por sua vez, surge em quarto lugar devido à sua produção extensiva de petróleo e gás natural, embora a queima de carvão ainda contribua significativamente para o lançamento de CO² na atmosfera. A Indonésia ocupa o quinto lugar da lista e apresenta um perfil semelhante ao do Brasil. Quase a totalidade de suas emissões vem do desmatamento e da transformação de florestas em áreas de produção agrícola.
Alerta – A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, responsável pelas mudanças climáticas, atingiu níveis recordes em 2022, uma tendência crescente que não parece se reverter, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) no mês passado.
No ano passado, as concentrações médias globais de dióxido de carbono ultrapassaram pela primeira vez em 50% os índices pré-industriais. No caso do CO², a concentração só pode ser comparada ao registrado há 3 a 5 milhões de anos, quando a temperatura era de 2 a 3 graus mais alta e o nível do mar estava entre 10 e 20 metros mais elevado.
Segundo a ONU, já é possível dizer que 2023 foi o ano mais quente já registrado – pelo menos até agora. Na última quinta-feira, 30, começou em Dubai a 28ª Cúpula das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-28).
Terra – Estadão – Foto: Daniel Teixeira/Estadão /