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Cercanias do Tempo – Por André Aguiar

Não é missão fácil falar sobre o Tempo, muitos grandes pensadores, santos e doutores já o fizeram com muita maestria, mas é um tema que me atrai, aqui e ali me atrevo, me escalo, a fazer algum comentário, notadamente, quando chegamos ao final de mais um ano, dessas cercas, esses limites temporais, que os seres humanos são regidos, realmente, o tempo passa para nós.

Imagino que a vocação de eternidade nos cerca, nos envolve, uma busca pela felicidade eterna. Tal mister não é uma evidência para nós, penso que conhecendo o tempo, compreendemos a eternidade. A verdade é que nós nunca vimos nada que é eterno diante dos nossos olhos. 

Boécio, um cristão dos primeiros tempos do cristianismo, define a eternidade. como a “posse total, simultânea e completa da vida interminável”.

Parafraseando São Tomaz de Aquino, “Assim, como para conhecer um elemento químico simples, temos de partir do composto, decompondo. Nós só podemos conhecer os elementos químicos simples a partir da decomposição de elementos compostos, assim também só conhecemos a eternidade a partir da decomposição do tempo”. 

Diz ainda o Santo Católico que até os mais agnósticos são forçados a ler: “Logo, a eternidade é a medida de Deus, assim como o tempo é a medida dos entes criados por Ele”.

Albert Einstein (com a ajuda do matemático alemão Hermann Minkowski) descreveu o tempo não como uma constante, mas sim como uma dimensão: o espaço em que vivemos é feito de três dimensões (largura, comprimento e profundidade), e o tempo seria a quarta.

A ciência em suas últimas descobertas diz que é possível a viagem no tempo para o futuro, mas que para o passado há divergências sobre essa possibilidade.

Segundo Stephen Hawking deixou registrado em seu livro Buracos negros, universos bebês e outros ensaios: “é de que a viagem no tempo [ao passado] não é possível, e nunca será”.

Por outro lado, segundo os cálculos dos pesquisadores Germain Tobar e Fabio Costa, da Universidade de Queensland, eles provaram matematicamente que a viagem ao passado é possível o que quer que o viajante faça e eles incluem no trabalho algumas possibilidades causadoras do chamado “efeito borboleta” pequenas mudanças nas condições iniciais de grandes sistemas, podendo levar a mudanças drásticas nos resultados –  os eventos se ajustarão para evitar o paradoxo temporal – .

Nas preces do Santo Ofício da Imaculada Conceição rogamos assim; “Relógio que andando atrasado serviu de sinal ao verbo encarnado”, eu explico : Como Jesus, o filho da Virgem Maria existe antes do nascimento de Sua mãe, o útero dela precisou “voltar” no tempo para que Ele Jesus, pudesse se encarnar.

Tem-se ainda que no antigo testamento que Deus fez o tempo voltar: “Então, o profeta Isaías orou, e o Senhor fez com que a sombra recuasse dez graus no relógio solar de Acaz.”

Em Deus não há passado, presente, nem futuro, portanto, não há movimento, não há tempo. Em Deus não há mudança. Ele é imutável, seus decretos são imutáveis e por isso, diz São Tomás, que Ele não poderia fazer o passado já não ser, ou não poderia mudar a essência dos entes, exatamente porque suas decisões são instantâneas e imutáveis.

O fato é que cercado de tantas realidades, de tantos afazeres, prazos a cumprir, planos a serem realizados, somos forçados seja pelas leis naturais seja por nossas próprias convenções a destacar o tempo, os segundos, os minutos, as horas, os dias, os meses, os anos, os séculos….é a vida que passa…

Há na humanidade atual uma certa epidemia da ansiedade excessiva, causada pela má administração do tempo, priorizamos o que não tem importância e relegamos ao esquecimento o que nos é fundamental, assim, geramos em nós doenças psicológicas e físicas e até mesmo espirituais. Como diz aquele princípio da medicina homeopática: “Não existem doenças, existem doentes”.

Por isso, para nossa sanidade o desacelerar, romper as cercanias do tempo se faz tão necessário, por isso os tempos de férias e descanso, são fundamentais, aproveitemos pois o nosso tempo, tão curto e tão importante.

O passado é inegociável, o futuro ainda não aconteceu, vivamos pois o presente, que nos é dado de presente por Deus, O Senhor do Tempo e de Tudo.

Por André Aguiar.

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