Brasil

Casos de sarampo em 28 países da Copa da Rússia ligam o alerta para risco de contágio

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que todas as pessoas que forem viajar para a Copa do Mundo 2018 estejam com todas as vacinas em dia, incluindo aquela que protege contra sarampo, rubéola e caxumba – chamada no Brasil de tríplice viral. Isso porque se estima que a Copa do Mundo, no seu decorrer, atrairá cerca de 1 milhão de pessoas de todo o mundo. Dos 32 países que participam do torneio, 28 registraram este ano casos de sarampo – doença altamente contagiosa (veja quadro) e que pode ter graves sequelas ou até levar à morte. Só na Rússia, foram notificados mais de 600 casos. A intensificação das viagens internacionais e o movimento de pessoas durante o grande evento aumentam o risco de transmissão dessa e de outras doenças. No ano passado, a meta de imunização em Minas não foi cumprida e neste ano, por enquanto, também não. Outra doença com prevenção abaixo da meta é a poliomielite.

Na última semana, a Secretaria de Saúde de São Paulo emitiu um alerta para o risco de importação de casos de sarampo, sobretudo por causa da Copa no Mundo. Já em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), explica que não foi emitido alerta exclusivo para viajantes da Copa, uma vez que dois avisos sobre a doença já haviam sido veiculados, em março e abril. O primeiro, foi emitido devido à ocorrência de epidemia em Roraima a partir de vírus trazidos por imigrantes da Venezuela. O segundo, em abril, reforçou a importância de vacinação. Até maio, 75,4% do público-alvo da vacina tinha tomado a 1ª dose, enquanto a 2ª cobria 71,9%. No ano passado, segundo o Programa Nacional de Imunizações, foram vacinadas com 1ª dose 87,81% da população e com a 2ª dose, 78,51%.

“Essa cobertura vacinal está bem abaixo do ideal, que seria em torno dos 95%. Manter o vírus controlado requer a imunização da população, bem como ações rápidas para quebrar a cadeia de transmissão em casos importados”, disse o infectologista Carlos Starling, da Sociedade Mineira de Infectologia. Para o especialista, a baixa cobertura vacinal representa um risco de que a doença volte a circular no Brasil. Ele compara a situação à febre amarela, que voltou a fazer vítimas devido a baixa imunização. “O sarampo está longe de ser erradicado. Não é nada bom ter uma cobertura tão abaixo do esperado. Novos casos da doença no país demonstram a fragilidade na saúde pública, e escancaram o quão grave é a crise no sistema público de saúde”, argumenta. Segundo o infectologista, mesmo aqueles que já foram imunizados precisam reforçar a vacina.

As vacinas contra o sarampo são a Tríplice Viral (contra essa doença, a rubéola e a caxumba) ou da Tetra viral (que previne ainda a catapora). Em Minas Gerais, os últimos casos autóctones – nove – confirmados de sarampo, ou seja, com transmissão dentro do território, ocorreram em 1999. Em 2011 e 2013, o estado identificou três casos importados, sendo um em 2011 e dois em 2013. Os pacientes, dois irmãos, contraíram sarampo em uma viagem à Flórida, nos Estados Unidos.

A transmissão do sarampo pode ocorrer de uma pessoa a outra, por meio de secreções expelidas ao tossir, falar, espirrar ou até na respiração. O contágio pode se dar ainda por dispersão de gotículas no ar em ambientes fechados. Por isso, é considerada uma doença infecciosa viral extremamente contagiosa. Os principais sintomas são manchas avermelhadas em todo o corpo, febre alta, congestão nasal, tosse e olhos irritados. Entre as complicações graves estão a encefalite, diarreia intensa, infecções de ouvido, pneumonia e até cegueira, sobretudo em crianças com problemas de nutrição e pacientes imunodeprimidos.

POLIOMIELITE

Outra patologia que preocupa as autoridades é a poliomielite. Após a divulgação recente de um caso suspeito de pólio em uma criança venezuelana de etnia indígena, a SES-MG acendeu um alerta e destacou a importância da vacinação e os cuidados para prevenção da doença, considerando que a Venezuela e o Brasil fazem fronteira e há uma intensa migração de pessoas entre os dois países. A poliomielite, conhecida como paralisia infantil, é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, provocada pelo poliovírus. Apesar de a doença não ser registrada no Brasil desde 1990, a SES salienta que enquanto houver circulação do vírus, vacinal ou selvagem, em qualquer outro país, há risco de reintrodução da pólio em nosso território.

Desde de 2016, o Programa Nacional de Imunização (PNI) adota a Vacina Inativa da Poliomielite (VIP) para as três primeiras doses, aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de idade. E para as duas doses de reforço, em crianças de 15 meses e 4 anos de idade, o imunizante utilizado é a Vacinal Oral da Poliomielite (VOP). Em Minas, a cobertura vacinal geral contra a doença em 2017 foi de 83% em crianças menores de um ano e 74% para o reforço em crianças maiores de um ano. Em 2018, até o mês de maio, 67% do público prioritário recebeu a 3ª dose da vacina e 54% das crianças maiores de um ano receberam a dose do reforço. A meta é alcançar 95% de cobertura para Vacina Inativada contra Poliomielite (VIP) e Vacina Oral contra Poliomielite (VOP) nas faixas etárias preconizadas e também coberturas homogêneas.

Em seu posicionamento, a Samarco ressaltou “há um consenso em aprimorar soluções” para legitimar o processo de recuperação. Já a BHP destacou que, no decorrer de dois anos, as partes “trabalharão conjuntamente” para progredir “quanto à resolução da ação civil pública de R$ 155 bilhões”.

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