O príncipe Harry está no Brasil. O mundo inteiro conhece o apetite por festas do filho mais novo de Diana e Charles e seu secretário pessoal, Edward Lane Fox, não tenta esconder ao revelar “O itinerário do Príncipe é formado a partir de seus interesses e, como você pode esperar, será um misto de [eventos] formais e informais.”
Perseguido pelos tabloides ingleses, o bad boy de sangue azul já aprontou muito: caiu na noite fantasiado de nazista, foi fotografado tocando o seio de uma loira em um pub, admitiu ter fumado maconha, apareceu em um vídeo jogando cartas com loiras nuas em Las Vegas, a última da interminável lista foi divulgada na semana passada: o baladeiro real dormiu no bar e esqueceu seu celular e carteira em uma festa de casamento na Eslováquia regada a drinks até as 6h da manhã e acompanhado da ex-namorada e aristocratas europeus.
O que esperar das aventuras noturnas do baladeiro de sangue azul no Brasil?
A mais high-profile (badalada) festa que o príncipe oficialmente participará no Brasil será a comemoração do aniversário da rainha no consulado Britânico em São Paulo nesta quarta-feira (25). A lista dos 200 convidados inclui David Beckham e sua esposa Victoria, o chef pop Jamie Olivier, Sabrina Sato, Ana Paula Junqueira, Azuri Safra, Cauã Reymond e alguns membros do conselho da escola Escola Americana de São Paulo, a Graded School.
O Palácio de Buckingham teve de aprovar todos os nomes e a assessoria da família real informou que jornalistas estão descartados da lista. Também está barrada Heleninha Bordon, que em 2012 foi apontada como affair do monarca. Contudo, paparazzis do mundo inteiro estarão no evento em Pinheiros e o passado do herdeiro sugere que não seria uma surpresa se fotos e histórias polêmicas vazassem na manhã do dia seguinte – algo como o que foi revelado na semana passada sobre o casamento na Eslováquia.
‘Party animal’
Vai ser difícil descobrir sobre as festas do playboy aqui no Brasil, pois o serviço Britânico vem trabalhando duro para mudar a imagem de festeiro do quarto herdeiro direto do trono britânico que completará 30 anos em Setembro. Quando o príncipe tinha 20 e poucos anos era descrito como “party animal” (baladeiro em tradução livre).
Naquela época, era corriqueiro paparazzis divulgarem fotos do príncipe nas mais agitadas casas noturnas inglesas com cigarro em uma mão e copo de vodka com red bull em outra. Depois de se formar nos melhores colégios (e baladas) do Reino Unido, o príncipe tirou um ano sabático e viveu na Austrália e em Lesoto, pequeno país incrustado na África do Sul e sem saída para o mar, onde ele produziu um documentário sobre a situação de órfãos chamado “O Reino Esquecido.”
A fama de bad boy do monarca começou a mudar quando ele entrou para o Exército. O príncipe do berço de ouro passou 10 semanas no Afeganistão como controlador de caça-bombardeiros em 2007/08, mas teve de partir quando a imprensa internacional revelou sua presença na complicada região. Harry retornou para o Afeganistão em 2012 e passou 20 semanas pilotando um helicóptero Apache – que custa 45 milhões de Libras de acordo com a imprensa Britânica.
Ele era chamado de “Capitão Wales” e admitiu ter matado inimigos no Afeganistão. No exército, o príncipe que é apaixonado por videogames mas não gosta tanto de estudos acadêmicos, afirmou não receber nenhum tratamento especial e trabalhar, comer, se divertir e dormir nas mesmas condições que seus companheiros. No Brasil, ele cumpre o papel de príncipe e não de “Capitão Wales” e terá diversas regalias.
Voo comercial e visita a doentes
Esta é a segunda vez que o animado príncipe vem ao Brasil – a primeira vez foi em 2012 e ele visitou Campinas (SP) e Rio de Janeiro. O monarca chegou na segunda-feira (23) em Brasília em voo comercial da TAM – dentro do Brasil ele voa em um jatinho fretado. O membro da família real chegou em uma Land Rover vermelha com uma bandeira do Brasil pendurada na janela do passageiro para sua visita ao hospital Rede Sarah às 10h30 da manhã.
O sorridente e brincalhão herdeiro fez canoagem com funcionários e pacientes do hospital e visitou as áreas de tratamento de reabilitação para problemas neurológicos e ortopédicos. De acordo com a assessoria da família real, esta visita foi um pedido do próprio príncipe. (Quando perguntei sobre os pedidos da realeza para as noites no Brasil, recebi um gentil silêncio como resposta).
Depois da visita ao hospital, o príncipe Harry foi ao estádio Mané Garrincha ver o “Rei Neymar” brilhar contra Camarões. Ele estava vestido bem informalmente – jeans e camisa – e acompanhado de um pelotão de seguranças, assessores e talvez outros nobres. O que você faria se visse o príncipe? A resposta habitual parece ser bater foto, o filho mais novo de Charles foi bombardeado por flashes durante toda a caminhada até seu assento.
O príncipe recebeu uma camisa da seleção brasileira com o número 21, que na Copa pertence ao atacante Jô. Harry não usou a camisa que ganhou, mas se divertiu durante a partida e, apesar de aparecer sorrindo e fazendo piadas durante o jogo todo, oficialmente ele não declarou para quem estava torcendo provavelmente porque Camarões faz parte da Commonwealth britânica, uma organização intergovernamental composta por 53 países membros independentes. Todas as nações membros da organização, com exceção de Moçambique (antiga colônia do Império Português) e Ruanda, faziam parte do Império Britânico.
Piadas e poses para fotos
Na terça-feira de manhã, o príncipe visitou o Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte, que servirá de apoio à preparação aos atletas britânicos durante os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio. Harry honrou a pontualidade britânica e chegou exatamente no horário combinado, 9h. O simpático príncipe jogou basquete, viu exibições de judô e conheceu a estrutura da agremiação, inclusive suas piscinas e teatro. Sempre sorrindo, fez piadas e poses para milhares de fotos e apertos de mãos.
O assediado príncipe encontrou o nadador César Cielo, que afirmou não ter tido um papo longo com o herdeiro, “ele apenas me perguntou quantos nadadores treinam no Minas, nada mais.” O príncipe encerrou sua visita no teatro do clube, marcando presença no Global Players Talk Show, um encontro promovido pelo UK Trade & Investment (UKTI) – espécie de departamento de comércio exterior do Reino Unido que visa atrair investimentos para o Reino Unido.
Neste evento, o bajuladíssimo príncipe recebeu camisas dos três times mais populares de Minas Gerais – Atlético, Cruzeiro e América. Cerca de 150 pessoas, incluindo membros do governo local e empresários do mundo inteiro estavam presente no local onde foi assinado um Memorando de Entendimentos entre o Minas Tênis clube e a Associação Paralíompica Britânica, nos mesmos moldes do acordo com a entidade olímpica. Mais da metade dos sortudos que estavam na mesma sala que o carismático príncipe fizeram fotos com seus celulares.
Investidores e empresários na comitiva
Se você se pergunta que tipo de pessoa é convidado para fazer parte da comitiva que recebe o príncipe, aqui vão alguns perfis: são líderes do calibre de Bowei Gai, Sino-Americano que viajou 29 países em 6 continentes para criar um conjunto de guias imparciais sobre como promover empreendedorismo; Khailee Ng, Malaio (nacionalidade de pessoas nascidas na Malásia), sócio de um fundo global de investidores que já investiu em mais de 750 empresas em 40 países desde sua criação em 2010; Samir Rath, Canadense, autor do livro “No Startup Hipsters” e investidor em empresas de serviços financeiros; Eyeal Yossef Muller, Israelita, que trabalha na área de fusão e aquisição da gigantesca Google; Manoella Cabrera Hernandes, Brasileira, que estudou na Suíça e nos Estados Unidos, e representa o escritório de desenvolvimento econômico de Singapura. Estes empresários foram convidados pela prefeitura de Belo Horizonte como parte do programa “Goal Belo – a Copa de Oportunidades.” Assim como o príncipe é usado como chamariz para atrair investimentos para o Reino Unido, a prefeitura de Belo Horizonte busca usar a Copa do Mundo como chamariz para atrair investimentos para a capital mineira.
Durante o evento, eu me perguntava qual a função deste príncipe tão elegante e ao mesmo tempo quase displicente. Cheguei à conclusão de que seu papel é puramente simbólico; uma das suas principais funções é atrair atenção e despertar interesse para o Reino Unido. Foi exatamente o que ele fez no estádio do Mineirão, onde a já eliminada Inglaterra enfrentou a já classificada Costa Rica no que foi descrito por muitos como o pior jogo da copa. O jogo que terminou 0x0 teve como principal destaque…. príncipe Harry! O herdeiro atraiu mais atenção dos mais de 57 mil fãs presentes no Mineirão do que qualquer outra pseudo-estrela dentro das quatro linhas.
Eu acompanhei o jogo sentado a menos de 10 metros do príncipe, que estava ao lado do governador do Estado de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho. Dei risada com uma placa que dizia “Prince Harry, Marry Me!” e me impressionei com o carisma e a calma do príncipe que manteve a classe durante os 90 minutos mesmo com a avalanche de fotógrafos profissionais e amadores armados com seus celulares que davam as costas ao campo para clicar o ruivo torcedor do Arsenal. As pessoas o incomodavam com fotos, acenos e assobios até mesmo durante o hino. Depois de ver o “Rei Neymar” e ser tão assediado no Mineirão, o príncipe talvez se apaixone por futebol. Enquanto o esporte favorito do príncipe Harry é polo, seu irmão William, pai do terceiro herdeiro direto do trono, é torcedor fanático do Aston Villa e preside a Associação de Futebol inglês.
Quer encontrar o príncipe Harry? Segue a agenda oficial do quarto herdeiro direto do trono inglês na América do Sul:
Brasil
Quarta e Quinta-feira (São Paulo)
Acompanhado do prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad (PT), Harry irá visitar o programa De Braços Abertos, criado pela Prefeitura de São Paulo para reabilitar viciados em crack. De acordo com a assessoria da embaixada Britânica, foi o próprio príncipe que pediu para conhecer a Cracolândia. Por motivos de segurança, o horário da visita não será divulgado com antecedência (mas alguns sugerem que será próximo do horário que começa o baile funk ou alguma festa na região).
Além da visita a Cracolândia, Harry irá conhecer um projeto de proteção da Mata Atlântica e um programa com crianças carentes. A noite, ele irá ao baile de comemoração do aniversário da rainha no consulado Britânico em Pinheiros, bairro nobre de São Paulo. O Itamaraty considera a viagem do príncipe uma visita privada portanto ele não encontrará Dilma Rousseff. De São Paulo, ele parte para o Chile, onde encontrará a presidente Michelle Bachelet.
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