A eleição municipal em Campina Grande no segundo turno trouxe um resultado significativo para o cenário político local e estadual. Para muito mais além do resultado de mais uma eleição, o processo eleitoral deste ano transforma-se numa virada de ciclo que coloca nomes peças no xadrez do protagonismo e pode colocar “Rainhas” para o quadro de “cavalos, torres e peões”.
Bruno Cunha Lima (União Brasil), atual prefeito, saiu vitorioso e com isso passa a ter vida própria na política campinense, saindo de um indicado de Romero, para um prefeito que foi avaliado pelo seu próprio desempenho e reeleito com base sua própria atuação na Rainha da Borborema. Isso retira Bruno do cenário de um político indicado por um ex-prefeito para um líder do grupo governista na cidade.
Um outro aspecto desta partida foi o clima de disputa acirrada, criado principalmente pelo desempenho positivo e crescimento do seu principal opositor, Jhony Bezerra (PSB), que saiu de um quase desconhecido para um adversário que “assustou” o grupo que governa a cidade há mais de quatro décadas. Apesar de Bruno garantir sua continuidade, o crescimento de Bezerra evidencia uma reconfiguração no tabuleiro político da cidade, destacando pela primeira vez nos últimos tempos um real protagonismo do grupo do governo do estado na cidade, com uma candidatura nativa da legenda que comanda o Palácio da Redenção. Vamos entender melhor?
A alta votação de Jhony Bezerra — quase 100 mil votos — mostra que ele conquistou uma representatividade expressiva, consolidando-se como um nome forte, especialmente para um candidato estreante em embates diretos na cidade. Essa consolidação se deve, em parte, ao seu desempenho pessoal e também apoio e ao investimento estratégico do governador João Azevêdo e do PSB, que passam a contar, a partir de agora com um nome próprio, não mais dependendo de terceirizar o protagonismo de outras forças locais como os ribeiros, felicianos e o ex-aliado, Veneziano Vital do Rêgo para estarem no jogo da disputa em Campina.
Pela primeira vez em muito tempo, o governador consegue protagonizar a política campinense de forma direta, com um nome próprio de dentro de seu partido e com apoio expressivo de lideranças locais.
Isso significa que, embora não tenha conseguido vencer a prefeitura, o PSB e o governador João Azevêdo também saem fortalecidos com uma dependência menor de líderes aliados locais, mas que são de outras legendas, para debater o processo na Rainha da Borborema. Jhony Bezerra emerge como uma força política própria e autônoma, capaz de continuar atraindo apoio popular e de se tornar um importante ator no debate público da cidade. Sua fala após o resultado expressou isso.
O saldo dessa eleição revela um cenário político renovado em Campina Grande. Se, por um lado, Bruno Cunha Lima afirma sua liderança de fato, por outro, o crescimento de Jhony Bezerra representa a chegada de um novo líder político. Ou seja, Bruno venceu a eleição, mas os dois saíram grandes do processo, e daqui em diante marcam juntos uma renovação no debate político da cidade.
A conclusão é que neste novo ciclo, surgiram os dois novos protagonistas no centro do debate campinense, como diria Belchior “trazendo nos ventos o cheiro de uma nova estação” – ciclo. Com isso, fazendo assim com que outras lideranças mais antigas dos dois lados saíssem menores deste processo eleitoral e naturalmente perdendo suas posições elevadas no tabuleiro, pois como ainda também disse Belchior: “O novo sempre vem”, neste caso, os novos!
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