O governo detalhou nesta sexta-feira (5) como funcionarão os limites de financiamentos referenciados pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), praticada pelo BNDES. O objetivo é estimular a emissão de títulos pelo setor privado para fomentar o mercado de capitais e criar melhores condições para a retomada do investimento no país.
A partir de agora, o acesso ao percentual máximo de crédito referenciado por TJLP nos financiamentos do BNDES passará a ser condicionado à emissão de um valor mínimo de debêntures (títulos de renda fixa mais longos). A TJLP está fixada hoje em 6%.
Segundo o BNDES, apesar da restrição de crédito no banco estatal, a combinação dos recursos públicos com a emissão de debêntures corporativas poderá reduzir o custo financeiro médio das operações das companhias.
A iniciativa complementa a redução dos níveis de participação implementados pelo BNDES, ampliando a participação dos recursos privados no financiamento de longo prazo. As novas regras começam a valer a partir de segunda-feira (8), segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Com essas medidas, o BNDES inclui os instrumentos de mercado de capitais como parte integrante de suas políticas operacionais. O governo espera um aumento das emissões de mercado, sobretudo a partir da retomada dos investimentos.
O anúncio foi feito na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em São Paulo. Participaram do anúncio o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o diretor do banco, Julio Raimundo, e a presidente da Anbima, Denise Pavarina.
De acordo com Levy, há demanda pelo crédito de longo prazo e o que está sendo feito é valorizar um mecanismo criado na década de 1990, que é a TJLP. “A gente tem que explorar essa demanda e ampliar. A gente dá o estímulo para explorar isso”, diz.
“O BNDES continua sendo importante, mas a gente está abrindo novas oportunidades para as empresas, para o setor financeiro e para os poupadores”, disse Levy. Segundo ele, todos se beneficiarão, com novas oportunidades para investir seu capital, até mesmo investidores estrangeiros. “Nós podemos avançar e ter novas iniciativas para financiar o setor privado”, afirmou.
O ministro disse ainda que a estratégia é bastante ambiciosa e responde às necessidades e usa o que o Brasil tem de melhor, que é o papel dinamizador do BNDES. “Usando o que nós já temos a gente consegue dar um passo importante para reformular a forma de financiamento da economia brasileira”, disse Levy.
A estimativa da Anbima é que as novas emissões somem de R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões nos próximos 3 anos. Para este ano, a previsão é de R$ 3 bilhões.
Taxa de juros
Levy falou ainda sobre a taxa de juros e o ajuste fiscal. “Nós temos uma taxa de juros alta. Por isso a ênfase no ajuste fiscal. Na medida em que o financiamento vai se ajustando, a política monetária começa a ficar mais forte e a tendência é cair a taxa de juros. Enfrentando o ajuste fiscal com firmeza esse problema começa a ser resolvido. O maior vetor para a poupança nacional é o aumento da poupança do governo”.
De acordo com Coutinho, ao usar a TJLP para o desenvolvimento do mercado de capitais, a taxa de juros pode ser reduzida, mas é preciso olhar o cenário a média e longo prazo.
Novas taxas
Em fevereiro, o BNDES anunciou novas opções de financiamento para compra de bens de capital, com taxa fixa a valores mais altos que os praticados pelo banco (juros de mercado) para complementar os financiamentos no Programa de Sustentação do Investimento (PSI).
A taxa, atualizada mensalmente, permite ampliar para até 90% a participação de financiamento do BNDES para compra de ônibus e caminhões. O PSI financia com taxas fixas a compra de bens de capital de fabricação nacional.
Redação com G1.