Um dos cinco integrantes considerados “infiéis” pelo PSL, o deputado federal Bibo Nunes (RS) afirmou que “é uma grande honra” ter sido suspenso pelo próprio partido. O congressista foi um dos cinco correligionários do presidente Jair Bolsonaro que sofreram sanções da legenda após decisão da convenção partidária, realizada nesta sexta-feira (18/10/2019). Em vídeo enviado à coluna, o deputado atacou a agremiação após tomar conhecimento das retaliações.
“Ser suspenso para mim é uma grande honra, uma placa de ouro. O PSL é um partido que não combina em nada com o que pensamos, um partido sem compliance, que não possui transparência, que fez seu estatuto às pressas e sem conhecimento de ninguém, não tem seriedade e não é da nova política”, disparou
Embora incômoda, a recente decisão do PSL não forçará o deputado federal a deixar o partido pelo qual foi eleito. Ele descarta, pelo menos por hora, ingressar na Justiça para deixar a legenda, sem que corra o risco de perder o mandato. “Prefiro ser expulso”.
Além de Bibo Nunes, os deputados Carla Zambelli (SP), Alê Silva (MG), Filipe Barros (PR) e Carlos Jordy (RJ) foram suspensos pelo PSL das atividades partidárias. Eles ainda serão notificados oficialmente pela sigla, mas as sanções já estão em vigor. Uma delas é a impossibilidade de assinar listas como as apresentadas recentemente para tentar destituir o deputado Delegado Waldir (PR) da liderança da sigla na Câmara dos Deputados. Os cinco podem recorrer da decisão. Outra penalidade é que nenhum dos deputados pode se manifestar em plenário pelo PSL.
Em entrevista coletiva concedida logo após a convenção, o Delegado Waldyr foi questionado se haveria a possibilidade de fazer qualquer tipo de acordo para que os deputados da ala pró-Bolsonaro pudessem sair sem serem expulsos. Ele negou. “Quem quiser pular do 17º andar do edifício, que pule. Com certeza, perderão o mandato, que é do partido. Foi o partido que deu a possibilidade de eles serem eleitos.”
Crise no PSL – O presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, e Jair Bolsonaro têm se distanciado desde que dirigente foi tragado por denúncias de ter registrado candidaturas laranja de mulheres com objetivo de desviar recursos do fundo partidário. Desde então, a sigla vem sofrendo crise após crise. A mais recente foi a tentativa frustrada de mudar a liderança da legenda na Câmara dos Deputados. O novo nome seria de Eduardo Bolsonaro (SP), o filho “Zero 3” do presidente, mas, sem assinatura da maioria da bancada, o atual líder, Delegado Waldir (PR) foi mantido.
Os aliados do presidente da República defendem a destituição de Waldir da função. Contudo, de olho na verba para a campanha municipal do ano que vem, a bancada acabou rachada entre os bolsonaristas e os agora classificados como “infiéis”. A crise pegou também a então líder do Governo no Congresso Nacional, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). Ela foi retirada do cargo pelo presidente Bolsonaro após assinar uma lista de apoio ao Delgado Waldir. O senador Eduardo Gomes (MDB-TO) foi a escolha do titular do Planalto para assumir a cadeira.
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