Após o café de manhã desta quinta-feira (09) para discutir a reforma da Previdência, a equipe do presidente Michel Temer recebeu e entendeu o recado praticamente direto de sua base aliada: sem uma reforma ministerial não será aprovada a mudança nas regras do sistema previdenciário brasileiro.
Resultado: uma troca de ministros vai começar a ser negociada ainda em novembro e pode ser concluída em dezembro.
Durante a reunião na residência oficial do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Temer voltou a defender a reforma da Previdência, e seus ministros detalharam a necessidade e a urgência da medida.
Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, voltou a repetir que, sem a reforma, em 2024 todo o orçamento da União bancará apenas os gastos com Previdência, folha de pessoal, saúde e educação. Faltaria dinheiro para todo o resto.
Ao final do encontro, líderes confidenciaram que já estão cansados do discurso técnico. Sabem da necessidade da reforma para o ajuste fiscal. Mas repetiram que há dois problemas a serem solucionados.
Primeiro, é preciso fazer uma campanha publicitária para explicar para a população a reforma e, com isso, reduzir o desgaste dos parlamentares que decidirem votar a favor das mudanças.
Segundo, sem uma reorganização da base, não vai adiantar, porque os deputados governistas não se conformam com o fato de o PSDB ter quatro ministérios e votar totalmente dividido pelo arquivamento da segunda denúncia contra Temer.
Tradução: sem uma mudança no ministério, os aliados continuarão insatisfeitos e não votarão a favor das alterações no sistema previdenciário.
Quem passou o recado ao presidente, durante o café da manhã, foi Rodrigo Maia. De forma elegante, disse que a questão não é técnica, mas política, repetindo o discurso que tem feito sobre a necessidade de uma reorganização da base antes de o governo votar suas medidas no Legislativo.
Enfim, os líderes saíram com o seguinte discurso do café da manhã: vão ajudar a montar um novo texto, mais enxuto, da reforma da Previdência, com aquilo que acreditam ser possível aprovar. Mas, antes de a proposta ser colocada em votação, querem a reforma ministerial.
É por isso que Rodrigo Maia, defensor da reforma, não marca uma data final para sua votação. Sabe que o governo, hoje, não tem votos. Pode tê-los se atender os apelos de sua base por mais espaço na Esplanada dos Ministérios. G1