Brasil

Arroz orgânico do MST, destacado por Lula, não é suficiente para um dia do consumo nacional

Na entrevista ao Jornal Nacional da Rede Globo, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rasgou elogios à produção de arroz pelo Movimento dos Sem-Terra: “O MST está fazendo uma coisa extraordinária: está cuidando de produzir. Não sei se você sabe, o MST, hoje, tem várias cooperativas e o MST é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil”.

O que, em termos de estatísticas, significa ser “o maior produtor de arroz orgânico no país”? Feitas as contas, o volume produzido pelo MST, na verdade, não arranha a necessidade dos brasileiros e daria para menos de um dia de consumo deste item essencial à segurança alimentar.

Na safra de 2022, o MST no Rio Grande do Sul, estado que concentra 70% da produção nacional de arroz, promoveu a “19ª Festa da Colheita” para celebrar uma safra de 15,5 mil toneladas do produto orgânico.

Arroz orgânico alimentaria brasileiros por 10 horas “O consumo diário de arroz pelo brasileiro é de 33 mil toneladas. Se fosse viver do arroz orgânico do MST, teríamos alimento só para meio dia de consumo da população, ou nem isso, apenas 10 horas. E nem sei se é garantido que se colha tudo isso, porque o arroz é uma cultura exigente no controle de pragas e doenças”, diz Vlamir Brandalizze, engenheiro-agrônomo e consultor especializado na commodity.

“É um nicho muito específico, que atende uma fatia muito pequena da população. E para conseguirem viabilizar isso, eles têm que vender muito caro”, observa o analista. Uma busca na internet mostra que o arroz orgânico de uma marca conhecida (Tio João) pode ser encontrado a R$ 15,89/kg, contra R$ 5,19/kg do mesmo tipo de produto convencional, de outra marca também conhecida (Tio Urbano).

O analista da Brandalizze Consultoria aponta que, para ser viável economicamente, o arroz precisa render de 8 a 10 toneladas por hectare “em qualquer lugar do mundo, seja na China, na Tailândia, na Indonésia ou no Brasil”. “O pessoal do orgânico colhe de 3 a 4 toneladas, eles não conseguem produtividade. Daí, não tem como ser barato. Podem não gastar com fertilizante e defensivos, mas também não colhem”, afirma.

Fonte: Gazeta do Povo

Mais popular