Rivalidade à prova na Arena Corinthians. Com uma boa parcela de brasileiros na arquibancada, Argentina e Suíça se enfrentam nesta terça-feira, às 13h (de Brasília), em São Paulo, pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Após ter maioria de público nas três partidas da primeira fase, a tendência é que os hermanos, enfim, joguem como visitantes e sofram com a pressão do público verde e amarelo. Apesar da previsão de que mais de 60 mil hermanos invadam a capital paulista, somente pouco mais de 10% devem ter a possibilidade de acompanhar a partida no estádio.
A matemática é simples: de acordo com informação da Fifa, apenas 7.500 ingressos da capacidade de 61.066 foram vendidos oficialmente para argentinos. Para se ter ideia, em Porto Alegre, quando os hermanos tomaram conta da cidade para o duelo com a Nigéria, este número era de quase 30 mil em um estádio com cerca de 45 mil assentos. A dificuldade para comprar bilhetes, no entanto, não incomoda os seguidores de Messi, que têm dado mostras de animação por onde passam, mesmo que tenham que se alojar em acampamentos e se contentar em acompanhar os jogos por telões nas Fan Fests da Fifa. O vencedor do duelo no estádio do Corinthians terá pela frente Bélgica ou EUA nas quartas de final, sábado, em Brasília.
Ciente de que o hit “Brasil, decime que se siente”, febre entre os argentinos no Mundial, dificilmente será ouvido em alto e bom som em São Paulo, Alejandro Sabella pediu que ao menos a paz reine nas arquibancadas. Com a rivalidade cada vez mais acirrada à medida que a Copa do Mundo vai se aproximando do fim, o treinador disse:
– O mais importante é que exista um bom comportamento. Temos tido um grande apoio dos nossos compatriotas. Até agora, tivemos muita gente em todos os lados que jogamos. Lógico que isso pode mudar, mas o mais importante é que tenham bom comportamento e vejam o jogo em paz.
Os números oficiais fazem até mesmo com que a Suíça se empolgue com a possibilidade de jogar como “mandante”. Em entrevista coletiva, o treinador Ottmar Hitzfeld admitiu que há, sim, a expectativa de receber incentivo dos brasileiros:
– Acredito que os torcedores do Brasil apoiarão a Suíça, porque há uma rivalidade muito grande com a Argentina.
Quem substitui Agüero?
A inferioridade nas arquibancadas está longe de ser um problema para Alejandro Sabella. Desfalcado de um dos seus principais jogadores, o treinador prefere ocupar a mente com a formação que mandará para campo. Ezequiel Lavezzi e Maxi Rodriguez disputam a vaga de Kun Agüero, que se recupera de uma lesão na coxa. O atacante do PSG é o grande favorito para vaga, participou de dois treinamentos entre os titulares na Cidade do Galo, mas viu o meia do Newell´s Old Boys ganhar espaço e ser testado na atividade de reconhecimento do gramado da Arena Corinthians, na tarde de segunda-feira.
As boas atuações nas partidas contra Irã e Nigéria, e o fato de permitir variações táticas dentro de uma mesma partida, jogam a favor do Pocho. Com a entrada de Lavezzi, o tão badalado quadrado mágico vira losango, com sua participação aberto pela direita, Di María pela esquerda, Higuaín avançado e Messi livre para flutuar pela intermediária ofensiva. Sua presença em campo dá a possibilidade de alternar do 4-3-3 para o 4-4-2 sem que Sabella tenha que queimar alguma alteração, enquanto com Maxi a mudança para o 4-4-2 se torna obrigatória. O treinador, inclusive, abordou o tema, mesmo que não tenha confirmado o time.
– A particularidade de Lavezzi é que pode jogar de duas maneiras: de atacante ou de meia pela direita e esquerda. Podemos utilizar dois esquemas sem a necessidade de mudar o jogador. O time não está definido, mas posso falar isso. Estamos jogando em sequência às 13h, com muito calor. Não quero confundir a imprensa, mas a realidade é que às vezes um jogador que está bem e de repente sente dores.
Com 100% de aproveitamento na fase de grupos, a Argentina iniciou a Copa jogando no 5-3-2, mas logo no intervalo da vitória sobre a Bósnia voltou para o 4-3-3 que fez sucesso durante as eliminatórias. Este sistema, inclusive, ganhou campanha pública dos jogadores nos dias que antecederam o duelo com o Irã, principalmente pela boca de Lionel Messi.
Suíça também aposta em baixinho
A Suíça teve um início preocupante de Mundial, mas acabou favorecida pela fragilidade do Grupo E e conseguiu avançar. Depois de vencer o Equador por 2 a 1, os helvéticos foram goleados por 5 a 2 pela França. A classificação veio apenas na exibição de gala do meia-atacante e craque do time Shaqiri, autor dos três gols na vitória sobre Honduras.
Passar pela Argentina e chegar às quartas de final será um momento histórico. Os suíços não alcançam essa fase de uma Copa desde 1954, quando jogaram em casa. Depois disso, o máximo que alcançaram foi as oitavas, em 1994 e 2006. Em 2010, chegaram a bater a Espanha, que seria campeã mais tarde, mas foram eliminados ainda na fase de grupos.
O técnico alemão Ottmar Hitzfeld não revela a escalação, mas deve manter a formação que bateu os hondurenhos. Mudará somente o esquema tático, agora mais cauteloso para controlar Messi. Os contra-ataques serão a grande arma, principalmente para Shaqiri disparar em velocidade. O baixinho do Bayern de Munique é chamado de “Messi dos Alpes” na Suíça.
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