Tucano estava fora do cargo por decisão do ministro Edson Fachin após suspeitas de corrupção passiva e obstrução de Justiça; ele deve se defender na tribuna.
Após 46 dias afastado por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, Aécio Neves (PSDB-MG) reassumiu seu mandato no Senado na tarde desta terça-feira e já vai participar da reunião da bancada com o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissatti (CE).
Jereissati assumiu provisoriamente o cargo após o afastamento do mineiro da presidência da legenda. Um dos temas que devem ser discutidos na reunião é exatamente a volta de Aécio ao comando do partido, o que não deve ocorrer de imediato, em razão da resistência de parte dos tucanos. É provável que Jereissati siga no comando até que a situação de Aécio fique mais clara nas investigações em andamento.
No período da tarde, Aécio usará o horário reservado ao PSDB na tribuna do plenário da Casa para fazer um pronunciamento para se defender das acusações que pesam contra ele, baseadas em gravações de conversa que teve com Joesley Batista, dono da JBS, na qual o tucano aparece pedindo 2 milhões de reais. Aécio é investigado pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça em razão das delações feitas por Joesley e outros executivos da JBS.
Na tribuna
“Inicio este pronunciamento dizendo que retorno à tribuna com um conjunto de sentimentos que podem parecer contraditórios, mas retratam a profundidade das marcas que o episódio de afastamento do mandato deixou, não apenas em mim, mas em minha família e em todos aqueles que acompanham meus mais de 30 anos de vida pública”, disse Aécio em plenário. “Dentre todos esses sentimentos, está a indignação com a injustiça”, complementou.
Além do afastamento, a PGR pediu a prisão de Aécio, mas o pedido também foi negado por Marco Aurélio Mello.
Nesta terça, ao falar sobre o caso, Aécio Neves disse que jamais recebeu vantagens financeiras através da vida pública e que nunca tentou obstruir a justiça, como o acusaram. O senador também criticou o que chamou de “julgamentos apressados”, mas disse que não “guarda mágoas”.
“Fui condenado previamente sem nenhuma chance de defesa. Tentaram execrar-me junto à opinião pública. Fui vitima da manipulação de alguns, da má-fé de muitos e, sobretudo, de julgamentos apressados, alguns feitos aqui mesmo nesta Casa. Por alguns poucos que parecem nao se preocupar com a preservação dos direitos constitucionais e com o primado de nossa Constituição”, afirmou.
Após o discurso, Aécio foi aplaudido pelos senadores que acompanhavam a sessão. Ele foi ao encontro dos demais parlamentares e foi cumprimentado