O Corinthians enfrentou bastante dificuldade para vencer o Botafogo, por 1 a 0, no último domingo, em Itaquera, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro. Muito em função do que o técnico botafoguense Jair Ventura preparou para a primeira metade do confronto, quando, mesmo com um time misto, resolveu espelhar sua formação com a do técnico Fábio Carille. A partir de uma substituição do treinador corintiano, ainda no intervalo, a equipe desafogou seu miolo e poderia até ter construído vantagem maior, dada a quantidade de chances criadas na etapa final.
Desde o início do jogo, o Botafogo deixou bem claro qual seria sua postura na arena corintiana: jogar com os dez homens atrás da linha da bola. Uma primeira trincheira de cinco homens de frente – Gilson, João Paulo, Guilherme, Camilo e Bruno Silva – fazia certa pressão na saída de bola dos homens de defesa do Timão.
Assim, Jô era frequentemente obrigado a sair da grande área para buscar jogo, às vezes até pela direita do campo. Jadson e Rodriguinho não chegaram a ser marcados individualmente, mas batiam contra a segunda parede carioca – Arnaldo, Marcelo,Igor Rabello e Victor Luis.
Sobrava posse de bola (65% a 35% para os donos da casa), mas faltava espaço. Quando buscava infiltrar, o Corinthians ainda queria entrar na grande área botafoguense, abrindo mão dos chutes de média e longa distância. Não à toa, a primeira finalização dos paulistas só viria aos 27 minutos, com Jô, de cabeça. O placar de arremates do primeiro tempo terminou baixo, com quatro para cada lado. Mas chances reais de gol, mesmo, paulistas e cariocas tiveram apenas uma cada um.
Líder do campeonato, com folga de sete pontos em relação ao segundo colocado, o Corinthians poderia continuar cozinhando a partida para ver no que aquilo ali daria. Mas o que vem norteando Fábio Carille e seus comandados no Brasileirão é justamente o tesão em ganhar os jogos. Foi assim contra o Grêmio, no Sul. Diante do Botafogo, o treinador deu nova prova de que não basta ter uma equipe equilibrada se você permanecer na zona de conforto. Ainda no intervalo – quando a maioria dos técnicos prefere esperar aqueles 15 minutinhos clássicos do segundo tempo antes de mexer –, ele tirou um volante, Gabriel, e colocou um meia, Marquinhos Gabriel. Bingo!
O Botafogo parece ter perdido a referência ao precisar marcar uma equipe não mais espelhada com a sua. O Corinhians deixou apenas Maycon na proteção aos zagueiros e se lançou à frente.
A partir daí, a infiltração não era mais em busca de alguém dentro da área carioca. Com marcação alta, a roubada de bola muitas vezes terminava em finalização.
As quatro conclusões a gol do primeiro tempo viraram 18 ao fim do confronto! Foram seis chances reais de balançar as redes, incluindo o pênalti mal marcado em Arana, que Jô desperdiçou. A posse de bola terminou exatamente igual à da metade inicial (65%), mas, agora, o Timão tinha volume ofensivo.
De 11 jogos no campeonato, o Corinthians só não fez gol em um – o 0 a 0 contra o Coritiba, na oitava rodada. Quando, é bom que se lembre, Jô teve um gol equivocadamente anulado por impedimento inexistente. Não é um dado jogado no ar. Para quem deseja ser campeão, vontade de vencer, por mais básico que possa parecer, é o primeiro passo. E isto, Carille e sua equipe demonstraram, novamente, terem de sobra.
Fonte: Globo Esporte