Não seria exagero dizer que o Brasil é a terra prometida na Agropecuária nos tempos atuais e não somente em detrimento da pandemia, mas, sobretudo, pela nossa própria vocação que trás em seu cabedal genético a capacidade de encontrar e conservar os bons caminhos.
No ano transato, os Chineses aportaram no Brasil em busca até de pés da galinha, algo que para eles é especiaria, no entanto, para nós, é descartável.
Ademais, tem-se informação que investiram pesado na carne bovina e suína brasileira, tanto é, que houve um aumento bastante considerável no preço da carne nos últimos meses de 2019. Recentemente antes da pandemia, eles (os Chineses), “arrodearam” os produtores de frutas nacionais. Digo isso, apenas para ilustrar, em apertada síntese, a importância da Atividade Agropecuária Brasileira no contexto da economia mundial.
É comezinho se dizer que o Brasil é o país do futuro, mas o que acontece é que precisamos reconhecer que o futuro chegou e é agora.
Não é de hoje que a Agropecuária vem sustentando o Brasil, apesar de ter sofrido grandes injustiças e relegada ao esquecimento, notadamente nesses últimos 30 anos, quando as políticas públicas prestigiaram as indústrias e esqueceram as atividades consideradas primárias da economia que são a Agricultura e a Pecuária.
A Agricultura representa 25 % do PIB, contra 10% dos anos atrás, na verdade, foi sempre a agricultura que gerou exportações e superávit no câmbio, ao revés foi sempre a indústria que importava máquinas estrangeiras.
Já em 1526, ou seja, apenas 26 anos após o “descobrimento” do Brasil, os portos europeus já recebiam sacas de açúcar do recém descoberto país chamado Terra da Santa Cruz, ainda cercado de corsários que atraídos pelas riquezas daquele novo paraíso, saqueavam as costas brasileiras, mutatis mutandis a história se repete, sendo que os corsários vem camuflados com outras máscaras, tão em voga em tempos pandêmicos.
Sob o argumento que o grande mal do Brasil eram os subsídios a Agricultura, investiram fortunas em “incentivos”, leis Kandir, subsídios via o BNDES, dentre outras, em indústrias antigas, não obstante, aos grandes guerreiros de um exercito de empresários massacrados por uma legislação tributária injusta e que inviabiliza a atividade industrial brasileira.
Infelizmente, nada menos que 45% de nossa população teve que abandonar a agricultura, o campo, e se instalar nas cidades, e essa história todo mundo sabe as consequências maléficas que hoje colhemos.
Não podemos esquecer das milícias que invadiam terras, a luta por reservas, contra a ampliação de terras produtivas, destruição de pesquisas de aprimoramento genético, tudo isso sob o manto do então governo de plantão. É de bom alvitre lembrar de uma legislação trabalhista que usou as mesmas regras e medidas para penalizar o produtor rural do sul do país em detrimento a realidade enfrentada pelo produtor rural do nordeste, ou seja, duas realidades totalmente diferentes. Resistiu-se ainda, digo os produtores rurais, a uma máxima da justiça do trabalho que considera sempre o trabalhador como a parte mais frágil, (coitadismo) isso por si só, forjou uma indústria de reclamações trabalhistas que fulminou por muito tempo o produtor rural brasileiro.
De 27% do PIB, 45% com seus agregados, a indústria brasileira entrou num espiral descendente para 14,5% hoje. Essa atual crise política no fundo é a crise da indústria e dos grupos antes abastardos e agora desesperados, empobrecidos, mas ainda com certo poder político. É a crise dos sindicatos trabalhistas que viviam dessas contribuições sindicais.
O Governo Federal, leia-se Bolsonaro, colocou uma Engenheira Agrônoma como Ministra da Agricultura, no que fez muito bem, e que em recente pronunciamento declarou que o Brasil no primeiro trimestre de 2020, enquanto outros setores sofreram retração, a Agropecuária cresceu 1,9%. Disse ainda aquela gestora que: “O Plano Safra 2020-2021 contará com R$ 236,3 bilhões, um aumento de R$ 13,5 bilhões em relação a 2019-2020. Desse total, R$ 179,4 bilhões são para custeio e comercialização. E R$ 57 bilhões para investimentos nos diversos setores produtivos. Os investimentos cresceram em média 29% em inovação tecnológica, armazenagem, irrigação, agricultura e pecuária de baixa emissão de carbono. Destacamos as boas previsões para este ano: um aumento da área plantada e a colheita de safra recorde de grãos, estimada em 250,5 milhões de toneladas (3,5% superior à safra anterior). É importante frisar ainda que a contratação de crédito rural na safra passada foi a maior já verificada, somando R$ 207 bilhões. Além de abastecer o mercado interno, o agro exportou 17,5% a mais em relação ao mesmo período de 2019, gerando ganhos para a balança comercial e preservando empregos e renda para os brasileiros.”
Mais Brasil, menos Brasília, é na realidade uma bandeira, é um clamor, um rumo tomado, talvez nem tanto por opção e vontade política de ação de governo em si mesma, mas, notadamente, pela força motriz que a atividade Agropecuária e acima de tudo das Pequenas e Grandes Comunidades Rurais permanentemente enraizadas, mas que se modernizou, abriu novas fronteiras e que sempre produziu na história do nosso povo Brasileiro, um modelo de resignação e força, para as demais atividades econômicas que alavancam essa Terra da Santa Cruz. É como diz João Cabral de Melo Neto: “UM GALO SOZINHO NÃO TERCE UMA MANHÔ.
ANDRÉ LUIZ AGUIAR.
Advogado e Agrônomo