Muito já se falou sobre o poder da oração, de sua força, de sua eficácia, o seu exercício. Quem a pratica precisa observar algumas primícias, dentre as quais a de se esvaziar para ser preenchido por ela. Ter umaconstância e por óbvio ser perseverante, nos fortalecem em muito…, os frutos virão.
Para nós Católicos o “debulhamento”do rosário é importante compromisso de oratória e intercessão. A oração é acima de tudo, um diálogo, um vínculo que se adquire com o tempo, mas não é somente isso, é bem mais que um simples encontro, é ser “um” com Deus ou como diz uma canção: “Somos só eu e O Senhor, só eu e O meu Amor, agora”.
A religião é esse “religare” com O Divino, nos coloca no trilho, uma práxis, uma didática, uma liturgia, há chaves, há por assim dizer, rituais próprios que facilitam ser ouvido e ouvir O Altíssimo.
Tenho testemunhado nesses últimos dias, diante de tantos sofrimentos, irmãos e irmãs, amigos e amigas e até mesmo os que estavam afastados, com coração empedernido, descrentes, recorrerem com insistência a Deus através do poder da oração, pois não têm mais a quem, nem ao que buscar. Muitos desesperados, doentes físicos e espirituais, perdidos na escuridão da depressão, das síndromes, famintas de Amor e Esperança. Vivemos tempos escatológicos, fecharam os Templos, as portas da Casa de Deus,não querem entrar, nem deixam entrar quem precisa e quem deseja, tentaram calar a Fé, mas Deus honra o homem pela Fé, vem ao auxílio daqueles que O Amam.
O verdadeiro Cristão aprende com suor e muitas vezes com o seu próprio sangue ou dosseus mais próximos, a administrar asadversidades, não suprimi-las por completo, pois sabe que numa eminente caminhada elas vão aqui e acolá surgirem….pensar ao contrário é “vender”ilusões, falácias apenas, numa pretensa teologia da prosperidade, aquela do monte tabor, semquerer descer a planície onde a vida transcorre. Falo daqueles que elegem apenas os palcos como prioridade, com suas luzes brilhantes e barulho interior e exterior, isso é torpor pueril, infantilidade da fé, é enganação.
O medo é inerente a todos os sereshumanos, é salutar, é pedagógico até, mas a covardia não, ela aprisiona e engessa nossas capacidades naturais de sobrevivência. É preciso ter a coragem de enfrentar a realidade da vida,lançar-se pois na Sabedoria do Alto através da oração – mesmo que para alguns possa aparentarato de loucura – é patrimônio, sabemos em Quem colocamos a nossa confiança. Esta pequena parte de nossa vida corpórea é infinitamente menor do que a nossa eternidade, falo isso para os que creem.
A jurisprudência é farta quando miramos em alguns homens e mulheres de fé e deoração que se deixaram ser moldados nos caminhos desse apostolado, em toda a história da humanidade antiga e recente encontramos em seus testemunhos de vida, vocacionados a serem luz e sal.
Ah!!! Como é bom, como é reconfortante um olhar mais acurado sobre a vida de alguns e algumas dessas almas. Vejamos a Madre Teresa de Calcutá, na Índia por exemplo:Imaginar que naquela aparente e frágil mulher, vislumbramos uma força inimaginável. Vi recentemente em seus escritos que após o seuChamado para fundar a Comunidade da Congregação das Missionárias da Caridade, (cujo carisma é o serviço aos mais pobres dos pobres por meio da vivência do Evangelho de Jesus Cristo), aquela linda Senhora, que ficou conhecida como a Santa das Sarjetas, passou cinquenta anos no exercício de sua missão sentindo-se abandonada, sozinha mesmo, sua fraqueza humana ora exposta, nos revela a sua fortaleza exercitada na oração e no poder de Deus na sua vida.
Lembro outra Teresa, digo a de Ávila,que através de seus ensinamentos foram reconhecidos como guia seguro para a Igreja universal, principalmente no que se refere à vida de oração, matéria sobre a qual ela mais tratou em suas obras e razão pela qual recebeu o título de Mestra da Oração.
Doutora da Igreja, Teresa nos induz“veementemente a nós os homens desse tempo, a cultivarmos principalmente, tudo aquilo que conduz a promover a piedade da alma em direção à contemplação e à realização das coisas celestiais”.
A doutrina de Santa Teresa, expressa principalmente nas obras “Livro da Vida”, “Caminho de Perfeição” e “Castelo Interior”, surgiu de sua profunda intimidade com Deus na oração, de uma vida cheia de virtudes e pela nitidez de sua inteligência.
Santa Tereza D’Ávila disse que quem está passando por uma situação difícil, em tempos de tristeza e inquietação, não deve abandonar suas práticas de oração, mas as intensificar.
Acrescento ainda sem deslembrar de tantos outros e outras, homens e mulheres de oração, a Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. A Santa das almas pequeninas, padroeiradas missões, nascida na cidade francesa deLizieux. Essa jovem Doutora da Igreja, nos ensinou as pequenas vias de santidade, de simples gestos e orações, deixou-nos um tesouro enorme.
Dizia ela que Deus chama à santidade não somente as grandes almas, mas também “une légion de petites âmes – uma legião de almas pequeninas”, escreve Santa Teresinha, no manuscrito B do livro “História de uma alma”. Neste clássico da espiritualidade cristã, ela traça os moldes de sua doutrina da “pequena via”, através de uma simples parábola:
“Como pode uma alma tão imperfeita como a minha aspirar à plenitude do Amor?… Ó Jesus! meu primeiro, meu único Amigo, Tu que amo UNICAMENTE, dize-me que mistério é esse. Por que não reservas essas imensas aspirações para as grandes almas, para as águias que planam nas alturas?… Considero-me apenas um mero passarinho coberto de leve penugem, não sou uma águia, só tenho dela os olhos e o coração, pois apesar da minha extrema pequenez ouso fixar o Sol Divino, o Sol do Amor, e meu coração sente em si todas as aspirações da águia…”.
Nesse mês de maio reservado as mães, dedicado a Mãe de Deus, roguemos, pois a sua poderosa Mão Medianeira de Todas as Graças, ela que é modelo de oração antes da aurora da plenitude dos tempos,
Não é difícil reconstruir a vida de MariaSenhora e Menina, filha de Ana e de Joaquim, que vivia num povoado da Galileia chamado Nazaré. Uma vida de gente pobre, simples, que devia lutar de sol a sol para garantir o próprio sustento e cuidar dos afazeres diários de uma família: limpar a casa, buscar água no poço, socar a farinha do pão no pilão, ir às casas vizinhas para manifestar a solidariedade nos momentos de sofrimento pela morte de alguém, se solidarizar com os doentes, acamados, cegos e coxos, alegrar-se pelo nascimento de um filho ou repartir o pão preparado no forno à lenha… Uma vida simples, mas cheia de amor. Como diz a canção: “Só quem já foi órfão sabe o valor do Colo de Mãe…Mestra e Rainha...”.
Sejamos simples como Nossa Senhora,descompliquemos a vida, Deus surpreende os simples, pois os que se acham grandes têmexpectativas demais…os simples são movidos pela Esperança, pela Fé, e pela Caridade, abastecidospela oração em silêncio e em paz.
“Minha prece de agora é que a nossa caridade se enriqueça cada vez mais de compreensão e critério, com que possamos discernir o que é mais perfeito e nos tornemos puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo. (Filipenses 2-14,15). Rogo ainda, para que façamos todas as coisas sem murmurações nem críticas, íntegros no meio de uma sociedade depravada e maliciosa, na qual os filhos de Deusbrilham como luzeiros no mundo… (Filipenses 2-10) …para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho no céu, na terra e nos infernos … (Filipenses 3-15). Ponhamos nisto o nosso afeto e tenhamos outro sentir, Deus nos há de esclarecer. (Filipenses 4-23) e que as Graças do Senhor Jesus Cristo esteja em meio a nós,hoje e sempre. Amém!!!”.
Por André Aguiar em 01 de maio de 2021.