Política Internacional

‘Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo’, diz Lula em discurso na ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os países devem priorizar a luta pelo fim da desigualdade social e voltou a cobrar dos países desenvolvidos mais investimentos para o combate à fome e ao aquecimento global. Com discurso repleto de críticas aos países mais ricos do planeta e citando os “escombros do neoliberalismo”, o petista falou na abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada em Nova York, nos Estados Unidos, nesta terça-feira, 19. Durante a fala, Lula disse que “falta vontade política” aos países que “governam o mundo” para resolver a desigualdade. “É preciso, antes de tudo, vencer a resignação, que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural. Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo”, disse Lula. “Ao assumir a presidência do G20 no próximo mês de dezembro, não mediremos esforços para colocar no centro da agenda internacional o combate às desigualdades em todas as dimensões. Sob o lema ‘Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável’, a presidência brasileira vai articular inclusão social e combate à fome”. O discurso do petista foi interrompido por aplausos algumas vezes durante a Assembleia. Antes de Lula, o Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, abriu a cerimônia.

Em outro momento, o presidente voltou a cobrar dos países ricos posicionamentos contra as mudanças climáticas, ressaltando que o “Sul Global” não quer seguir o modelo adotado pelas nações consideradas desenvolvidas. “Os países ricos cresceram baseados em um modelo com altas taxas de emissões de gases danosos ao clima. A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implementação do que já foi acordado. Não é por outra razão que falamos em responsabilidades comuns, mas diferenciadas. São as populações vulneráveis do Sul Global as mais afetadas pelas perdas e danos causados pela mudança do clima. Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo”, afirmou Lula. “Queremos chegar à COP 28 em Dubai com uma visão conjunta que reflita, sem qualquer tutela, as prioridades de preservação das bacias Amazônica, do Congo e do Bornéu-Mekong a partir das nossas necessidades. Sem a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos não há como implementar o que decidimos no Acordo de Paris e no Marco Global da Biodiversidade. A promessa de destinar 100 bilhões de dólares – anualmente – para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma promessa. Hoje esse valor seria insuficiente para uma demanda que já chega à casa dos trilhões de dólares”, ressaltou o presidente.

Fonte: Jovem Pan – Foto: Timothy A. Clary

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