Alvo da Operação Ross, da Polícia Federal, na manhã desta terça-feira (11), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez um pronunciamento no final da tarde em que afirmou que não é possível que a versão de delatores se sobreponha ao que, segundo ele, são os fatos.
Aécio chamou jornalistas no Senado e disse que a ação da PF foi desnecessária porque ele é o maior interessado em esclarecer todas as questões.
“A verdade é que não podemos mais aceitar que delações de criminosos confessos e suas versões se sobreponham aos fatos. O fato concreto é um só. Do que estamos tratando neste inquérito? De doações a campanha eleitoral, doações feitas em 2014 de forma legal, registradas na Justiça Eleitoral, aprovadas por esta mesma Justiça Eleitoral sem qualquer contrapartida”, afirmou.
O senador, eleito deputado federal nas últimas eleições, disse que o empresário Joesley Batista tenta manter sua “incrível imunidade penal”.
“Delatores, no caso o senhor Joesley Batista, em busca da manutenção da sua incrível imunidade penal, falseia as informações e transforma algo lícito, legal, com aparência de crime. Não houve nenhuma ilicitude”, reiterou Aécio.
Segundo o senador, os valores mencionados “são valores depositados nas contas de campanha eleitoral tanto do PSDB quanto dos partidos que nos apoiaram”. Ele afirmou que partidos adversários também receberam doações.
“Criminalizar a doação que era legal é um desserviço à verdade e à justiça”, afirmou.
Aécio terminou seu pronunciamento antes das perguntas dos jornalistas. Uma repórter ainda gritou um início de indagação sobre manifestação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que afirmou em documento que havia uma “relação espúria” entre Aécio e o grupo J&F.
“Está equivocada”, respondeu o senador já caminhando, de costas, sem ouvir toda a pergunta.
A Operação Ross cumpriu nesta terça mandados de busca e apreensão em imóveis ligados a Aécio, à irmã dele, Andréa Neves, ao deputado Paulinho da Força (SD-SP) e a empresas que teriam emitido notas frias. A investigação cita suposta propina de R$ 128 milhões paga pela JBS para o tucano e seu grupo de 2014 a 2017.
Nesse valor estariam pagamentos suspeitos de terem servido para comprar apoio político para Aécio na eleição presidencial de 2014, envolvendo partidos como o Solidariedade, DEM e PTB, além de uma suposta “mesada” de R$ 50 mil mensais paga ao tucano pela JBS por meio da rádio Arco Íris, de propriedade da família dele. Também é mencionada a aquisição superfaturada de um imóvel do jornal Hoje em Dia, em Belo Horizonte, por R$ 17 milhões, supostamente a pedido do senador.
Em troca da propina, segundo as investigações, Aécio interveio junto ao governo de Minas para viabilizar a restituição de créditos de ICMS de empresas do grupo J&F, que controla a JBS. O senador nega a acusação.
Folhapress